11 de agosto de 2011

O que você assiste para se inspirar?


Pela primeira vez na história deste blog, postarei um artigo que não foi escrito por mim. Mas meu blogueiro predileto, André Barcinski (Blog Uma Confraria de Tolos) assina esta crítica cinematográfica extraordinariamente concisa que diz tudo que não tive a capacidade de dizer desta obra prima do cinema. Eis suas palavras:

"A grande arte tem a capacidade de levantar o espírito e nos inspirar ao sublime.

O cineasta Akira Kurosawa, por exemplo, já declarou que costumava ouvir sonatas de Beethoven de manhã, para clarear os pensamentos e facilitar a inspiração.

Selecionei aqui um pequeno trecho de uma obra que, há alguns anos, vem inspirando um sem-número de pessoas, artistas ou não.

São apenas três minutos de filme. Uma jóia fílmica com a rara qualidade de sintetizar toda a complexidade social, cultural e antropológica de nosso país.

Acompanhe:

0:06 – a contraposição de três imagens – o carro de luxo último modelo, o trabalhador com a enxada, e o avião ao fundo – são um comentário irônico sobre os extremos de miséria e riqueza do Brasil, um ícone de nossa “Belíndia”.

0:12 – A imagem de jovens praticando a desobediência civil, ao sujar a estrada com terra, é uma poderosa metáfora sobre o poder do proletariado e a viabilidade do confronto como instrumento de transformação social.

0:27 – Um monólogo poderoso sobre a importância da educação como ferramenta transformadora  de nossa sociedade.

0:32 – Ao antecipar o som da enxada batendo na estrada, claramente sem sintonia com a imagem, o filme nos faz refletir sobre o surrealismo da situação, em que crianças são submetidas a trabalhos forçados. Um artifício claramente inspirado nos experimentos do Teatro do Absurdo, mas raramente utilizado no cinema com tanta liberdade e força dramática.

0:35 – Um momento de intenso drama surrealista-religioso: a protagonista, tal qual Sâo Francisco de Assis, conversa com os pássaros, conclamando-os à revolução pacífica.



9 de agosto de 2011

Os Deuses Devem Estar Loucos

Terror em Londres



Se sua vida está meio estranha atualmente, não liga não, afinal a minha deve estar mais esquisita ainda. Venho percebendo que as mudanças repentinas de clima de julho/agosto parecem andar mudando a ordem global, não só diretamente para mim, mas como para todo o mundo.

Pelo menos me facilita muito essa caixa de pandora. Aproveito em uma só tacada lançar todos os temas que tive preguiça de escrever nas últimas semanas. Em 23 de julho, a maior porra louca da minha geração se despede do mundo. O que não foi surpresa para ninguém e nenhum motivo para se entristecer, afinal era algo mais do que certo para acontecer independente de quando fosse acontecer. O assustador foi uma atmosfera de luto imenso que se criou com a notícia. Atmosfera da demagogia de beatificar celebridades mortas que eu não consigo entender. Exploração total da mídia com a ajuda de uma aceitação banal da população e a criação de um mito que todos os grandes porra loucas da história morreram aos 27 anos.

Em 22 de julho o mais assustador. Noruega, a capital do Prêmio Nobel da Paz, o exemplo do pacifismo e do modelo politicamente correto é abalada por um maluco que com uma bomba e uma arma matou quase uma centena de pessoas. Anders BehringBreivik tinha Facebook e uma ideologia ultranacionalista macabra, que o levou a escrever um manifesto de 1516 páginas e faz um suborno inacreditável de pedir cargos públicos em troca de nomes. Simplesmente um gênio do mal.

Londres acordou na última semana no espírito de revolta. Após a morte injusta do negro Mark Duggan, os ingleses saíram para a rua para fazer violentos protestos, violentos até demais, que começaram em Londres e se espalharam por todo o país. O engraçado é que as olimpíadas do ano que vem serão em London, mas críticas à segurança só o Rio de Janeiro que sediará em 2016 recebe.

Mas não vale a pena dar uma de nacionalista e defender a cidade maravilhosa. Até porque é de lá que vem as notícias mais inacreditáveis do mundo. Bala perdida não é o perigo. O perigo vem do chão. Desconheço outro caso na história de sucessivos bueiros explodindo do nada e provocando tantas vítimas. Não é triste uma notícia tão trágica, é extremamente cômica, ainda que seja tão infeliz.

E em São Paulo a câmara decide votar um projeto de lei muito importante, que vai mudar a vida do cidadão paulistano imensamente. A aprovação do dia do orgulho hétero tende a ser a coisa mais nonsense da política paulista esse ano? Ainda temos alguns meses para esperar coisa pior.

Nenhum deus deve estar ficando mais louco que o da economia. Eis o pânico total em todas as bolsas. Nunca antes na história deste país ficou mais barato comprar fora do país que dentro. Faz muito, muito tempo mesmo que o dólar não estava tão desvalorizado. E a cada dia é uma situação de nervos a flor da pele que se instala pelas bolsas de valores do mundo. Barack Obama, coitado que há alguns meses eu tinha estipulado que ganhara as eleições próximas por causa da morte de Osama Bin Laden, está em maus lençóis. Será agora o fim da hegemonia capital dos Estados Unidos? Torço que sim.

Agora a eleição de Green Day a maior banda punk da história foi a piada do ano. A piada do ano passado foi que o melhor cover da história era o da música Feeling Good de Nina Simone pelo Muse. Acho que essas eleições onde conta o voto popular tem que acabar logo, pois as piadas estão ficando sem graça.

Mas a cereja do bolo vem da minha escola que recebeu a presença de ícones non gratos nas últimas semanas para dar palestra. Desanimo total ver aquele partido tido como inimigo da educação dando palestra nas escolas que mais agrediram? Muito. Mas revigorou total com a ativa participação política dos alunos que não demonstram estar alienados a situação política estadual e vomitaram suas perguntas e anseios em cima das excelências. Parece até que se os deuses estão ficando loucos para o bem estar da nação.