Antes de começar a desabafar meu desagrado, devo falar que, perante o fato de eu ser músico, minhas idéias vão completamente contra a maré da lógica. Mas é minha opinião e isso ninguém tasca, a não ser Hosni Mubarak. Mas como estamos no Brasil de Dilma, vamos às criticas e á liberdade de expressão. Não me condenem por isso.
Já arrumei briga e vi muita cara feia quando assumo que odeio Glee. Que não suporto Glee. Que Glee é uma merda. Fazer o que, pra mim é. Mas o que estava vendo nos meus remotos cantos da memória, que minha capacidade de desgostar de musicais certinhos, bonitinhos e – principalmente – afinadinhos, vai muito além da série da Fox.
Filme musical. Segundo o Wikipédia, gênero cinematográfico que utiliza em sua narrativa, diversas sequências de linguagens artísticas como música, canções e coreografia. Pronto, entrou música no filme de maneira fantasiosa estragou o filme.
Minha história com filmes musicais vêm desde a infância, em que eu odiava os desenhos animados que as personagens cantavam e dançavam do nada. Subia-me uma incrível vergonha alheia de vê-los ali, a meu ver, fazendo papel de ridículos. Com seis anos eu já deixava de ver Todos os Cães Merecem o Céu por suas intragáveis músicas.
Minha vida continuou, comigo sempre fugindo de filmes em que os artistas cantavam e dançavam. Mas sempre tinham as exceções, claro. Os que eu não gostava realmente, é quando eles vinham e cantavam afinadinhos e bonitinhos.
Nessa fase de minha vida, surgiram Rebelde e High School Musical, dois tipos de seriado feito para gente da minha idade, ao qual eu sentia vergonha da idade que eu tinha. Provavelmente, esses dois fatídicos programas vieram surgir para me afastar completamente dos musicais. Ora, que coisa ridícula eram aqueles pré-adolescentes cantando em suas escolas? Meu mundo escolar não era de jeito nenhum parecido com aquilo, ora, desde a sexta série sonhava com um estrelato, mas com um estrelato muito mais rock in roll que cantar afinadinho com cabelo penteado.
Rebelde e High School talvez foram umas das coisas mais ridículas que já suportei. A ver apenas pelos fãs que eu conhecia, dava para se notar como era ridículo tudo isso. Meu senso crítico aos 12 anos de idade eram já extremamente aguçados para o anti-modismo dos tradicionais 12 anos de idade.
As músicas que os outros pré-adolescentes cantavam tiravam qualquer chance de um dia eu vir assistir um desses seriados. Mas o tempo passa e eu vejo que não só seriados são ruins. Filmes também são. E o mais triste por acaso é que filmes com ídolos meus são péssimos.
Quando parti pros clássicos, vi como Jailhouse Rock com Elvis Presley, Help! Com os Beatles e Em Ritmo de Aventura, com Roberto Carlos são banais ao extremo. Fazia um sinal da cruz, mesmo sendo ateu a cada cena de trapalhada que um desses ícones fazia.
Só que filmes com astros são sempre uma baboseira para arrecadar dinheiro (ver The Turist, com Deep e Jolie). Vamos partir para um verdadeiro filme musical, uma superprodução baseada na Broadway. Vamos a grandes nomes do cinema musical no mundo.
É aí que eu entendo tudo. As histórias do filme, podem até ser legais, roteiros bem elaborados, uma produção genial. Mas o simples fato de, de repente em uma cena, o ator se levantar, começar a sapatear e cantar já me enjoa drasticamente. Não entendo o que mais me irrita, se é a pose, se é a cena inverossímil, se é a dramaticidade, ou se é a afinação.
Você já parou para imaginar que aquele cara super afinadinho que ganhou o Ídolos nunca gravou um cd e nunca fez sucesso? Esse meu ponto de vista, para um músico, pode ser uma blasfêmia, mas eu gosto de gente que desafina, que vai contra a corrente da técnica e faz sua própria musicalidade. Isso para caso apenas de cantores, tá? E o que me irrita nos musicais é aquela música perfeitamente cantada, afinadinha, com uma emoção feita por um ator. É muito cinema para ser música.
Resumindo, Glee é a mistura de tudo que não suporto em critério filme musical. Bonzinhos, penteadinhos e afinadinhos. Um nojo, simplesmente. E eles ainda por cima vêm e interrompem meu Simpsons, seriado extremamente politicamente incorreto que assisto na Fox, e cantam uma de suas regravações mal regravadas.
Conheci Glee através de recomendações e comentários. Mas vi o que era mesmo quando estava procurando versões de You Can’t Always Get What You Want dos Stones, música linda e me deparei com a versão que eles tinham feito. Não, aquela música não é pra ser cantada assim. Vi outros títulos, e a afinação corretíssima deles não era a música em questão. Cristo, o que eles faziam? Música é amor, a afinação deles é robô.
Uma música regravada por Glee equivale a um comentário do Felipe Neto, não agüento ver mais que 20 segundos. Mas vamos fazer jus a outros pontos que não citei ainda. O que falei sobre filme musical não se aplica a teatro musical. É diferente completamente, afinal, qualquer coisa que apareça do nada no teatro não faz sentido mesmo, por isso, uma música é sempre bom. Assisti My Fair Lady, peça da Broadway no Teatro Alfa em 2007 e foi uma das coisas mais fantásticas que vi. Odeio dança em geral, por isso num filme onde as personagens dançam, eu já sinto a claustrofobia no meu sofá. E agora seguem-se filmes musicais que eu gosto:
- Filmes biográficos sobre artistas, afinal é não tem nada de inverossímil;
- Chicago, um dos únicos exemplos de musical irreal que gosto, até por não ser certinho;
- Garotas e Garotas (1955) único clássico musical que gosto, afinal, no mesmo filme ter Brando, Sinatra e Simmons, nem o fato de ser musical estraga;
- possivelmente tenha me esquecido de mais alguns, mas por hoje é só. Agradeço a paciêcia.
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