16 de fevereiro de 2011

Brasil: uma crônica de humor

Foto: Google
Obra de Maria Luíza Carneiro de Faria

Essa semana em minha casa foram histórias maravilhosas de como o Brasil é bagunçado. Não dá mais para chorar com uma situação dessas, por isso vamos rir. Vamos rir dessa tragicomédia que chafurda diariamente no nosso cotidiano, independente de onde estivermos, do que estamos fazendo. Então, vamos agora às três crônicas que, mais inviável, impossível, marcaram a semana em minha casa, cada um protagonizado por um membro da família.

1º O caso da troca de banco

Meu irmão é um feliz atendente do Sac de certo banco verde amarelo. Só que desde o último domingo, este banco, sumiu do mapa. Acabou se tornando uma outra instituição, desta vez vermelha, com o sistema inteiramente diferenciado. Até aí normal, já estava prevista essa modificação, por causa do mercado capitalista que o vermelho europeu engole o verde amarelo brazuca. Até aí, todos os clientes da finada instituição já estavam cientes da mudança e de quando a mudança iria ocorrer. Mas quando o cliente, ao precisar urgentemente no domingo sacar um dinheiro da sua conta no finado banco, ou utilizar o cartão em alguma compra e ver que já continha uma conta correndo na instituição vermelha, como era na verde amarela, mas sem o dinheiro que existia na verde amarela, o cliente entrou em pânico momentameamente.

Daí o suposto cliente liga no domingo a tarde ou na segunda de manhã para o novo Sac, agora inteiramente vermelho, onde um dos funcionários é meu simpático irmão. Mas o atendente do Sac não sabe o que aconteceu nem como resolver o problema. Culpa do atendente que não leu as instruções? Não. Culpa do supervisor que não explicou as instruções? Não, porque o supervisor também não sabe o que está ocorrendo. Culpa do gerente que não organizou direito a situação? Não, pois nem ele sabe como resolver a questão. Culpa do dono? Não, porque o coitado nem sabe falar português.

Aí, a simples lógica que o atendente meu irmão usa: “Senhor, vai pra agência.”  Chegando na agência, o cliente tem a visão do julgamento final onde todos são condenados ao inferno. Gritaria, discussão, empurra empurra, luor e lágrimas e só uma coisa de semelhante: todos estão perdidos, seja cliente, gerente, supervisor ou qualquer outro subnível. Esta simpática ocorrência já persiste desde domingo (13 de fevereiro) e não tem prazo para acabar enquanto não botarem alguma ordem, se é que é possível o fazer. Onde está o dinheiro do cliente? Se nem o chefão do banco vermelho sabe, eu é que vou saber?

2º A atendente que deixou o posto

Meu pai é um alegre senhor que compareceu a certo hospital de funcionários públicos para marcar um certo exame. Como todo bom paciente, pegou uma senha e pacientemente, esperou por sua vez, indo se sentar em um dos bancos do saguão, quando viu uma das cenas, se não mais tristes, então mais engraçadas que se possa imaginar.

Uma atendente para milhares de (im)pacientes. Uma paciente mais impaciente ainda, com sua filha. Um senhor que para no saguão apenas para pedir uma informação, não marcar uma consulta, nem furar fila. Segue-se a cena:
SENHOR: Moça, eu queria uma informação, é aqui que marca consulta com a Dra. (?) ?
ATENDENTE: Sim senhor você...
FILHA DA IMPACIENTE: Mãe, to com fome
IMPACIENTE: Sim, filinha, estamos todos com fome com essa demora. E ainda atende gente que nem tem senha!
ATENDENTE: Desculpe, senhora, não estava o atendendo, estava apenas passando uma informação. Aguarde sua vez.
IMPACIENTE: Ah é? Você tá me dizendo que passar informação não é atender? Você tá querendo me fazer de otária ou o que?
ATENDENTE: Não, senhora, você entendeu errado eu só quis dizer que...
IMPACIENTE: Eu entendi errado? Você tá me chamando de louca? Eu vi! Tem um monte de testemunhas aqui que viram também. Você fica fazendo a gente de idiota aqui esperando esse tempo todo e atende quem passa na frente sem vergonha nenhuma, o que você quer, hem?
ATENDENTE: (com lágrimas nos olhos): Senhora, você está complicando tudo, não quis causar nada disso, por favor aguarde sua vez.
IMPACIENTE: Aguardar minha vez? Olha aqui, meu número tá no visor há horas e você fica me enrolando aqui com sua ladainha. Me atende, incompetente.
ATENDENTE: (chorando e tremendo se levanta) Já chega! Não agüento mais isso aqui! Não agüento mais!

E a atendente sai de sua mesa pela porta do fundo do saguão. Reboliço geral. Passam 45 minutos sem atendente, sem informações. Pessoas começam a se deslocar para a diretoria do hospital. Meu pai fica. Com a sala quase vazia, aparece alguém e atende meu pai.

3º Os armários que custam o dobro

Era penúltima aula quando a vice diretora entra na minha sala com os avisos rotineiros. Formatura, blá blá blá, carteirinha, blá blá blá e os armários. Só nesse aviso, já estipula falência de qualquer pai. Mas dois já se resolve logo de cara: formatura pra quê? Pega o diploma, abre uma cerveja e pronto, não precisa de festas, becas e todos frescurites caros. Carteirinha? 15 reais num cartão? Sou mais pegar declaração grátis e usar esse papel o ano todo.

Mas um caso merece atenção: Armários. O caso é tão estrambólico que passa do limite imaginável de qualquer roteirista de cinema nonsense. Causa: A gente paga APM no valor de 100 reais no começo do ano. Conseqüência: a escola compra armários, num valor total de 6000 reais. Certo, pagamos APM temos direito ao armário de graça, pois nossa parte já está paga para gozarmos dos direitos e deveres da escola, não? Errado. Temos que repor o dinheiro da APM, olha que coisa linda. Valor do armário: 100 reais.

Che a ser fantástico. A gente paga 100 reais para termos armários no começo do ano e quando temos os armários, temos que pagar mais 100 reais para usar os armários! É incrível! Como se chama isso: Tem nome uma bizarrice dessas? Após o aviso da vice diretora espalhei essa teoria para tentar impedir as pessoas de gastar 100 reais com um armário que já foi pago uma vez. Vamos ver no que dá essa história cômica.

De minha parte, está tudo certo. Ora eu não pago APM, ora eu não pago armário. Sou brasileiro sim.

Depois dessas três crônicas irreais que são reais te pergunto: é pra rir ou é pra chorar? Só sei que só foram três em uma semana. E sei que no seu cotidiano tem sempre histórias mais cômicas que essas. Só me faço a triste pergunta: por que tudo no Brasil é tão atrapalhado, bagunçado e errado? Será que não tá na hora de botar ordem na situação? Hoje o doodle do Google está com um bonitinho desenho de uma menina de 9 anos que se intitula “Nosso Brasil do Futuro”. A menina fará parte desse futuro que ela desenhou? Será que neste florido futuro estará as coisas sob controle? Será que situações como essas nunca vão se acabar em nossas vidas? Só nos resta esperar pelo nosso Brasil do futuro pra ver.

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