![]() |
Foto: Biblioteca ERS |
Conheci realmente Noel através do artigo que me referi. Artigo de um crítico de rock, ligado a cena undergrund e alternativa. Ora, era um ambiente demasiado estranho para se falar do maior poeta e sambista da Vila Isabel na Zona Norte do Rio. Por isso me interessou aprofundar meu conhecimento sobre esse cara, já que o que eu conhecia era o extremo básico dele (Com que roupa; Conversa de botequim; Jura; Taí e outras inclusas no Great Hits).
Foi a partir dessa crítica que conheci o verdadeiro poeta de quem se fala. O poeta que compôs preciosidades irônicas (Tipo zero; Seu Jacinto), obras que mistura sua cultura, suas más sortes no amor e seu humor ácido (Coração; Mentiras de Mulher; Positivismo), músicas que nem parecem que foram escritas há 70, 80 anos (Onde Está a Honestidade / Você, por exemplo) e músicas que ficaram para a história da música brasileira (Feitio de Oração; Pastorinhas; Feitiço da Vila; Gago Apaixonado).
Se já não fosse bizarro ter conhecido Noel através de um roqueiro, mais bizarro ainda foi ver as músicas do Noel interpretadas por um roqueiro. Domingo passado vi no Auditório do Ibirapuera um show histórico. Comemoração dos 100 anos de Noel Rosa, onde o titã Paulo Miklos se juntou inacreditavelmente com o grupo de samba Quinteto em Branco e Preto, de São Mateus, zona Leste de São Paulo. Para completar a trupe, a sonsa Mallu Magalhães e a atriz Carol Medeiros. Um show impensável, mas apreciável. Tanto é que seus 90 minutos, deixaram uma água na boca de assistir por mais horas. Foi incrível ver Miklos, que duas semanas antes vi em sua performance original nos Titãs se sair tão bem caindo no samba da Vila Isabel.
Noel Rosa é mais que samba, é mais que Vila Isabel. Até o mais ignorante dos metaleiros deveria tirar sua bandana para este cara. Um cara que começou a compor aos 19 anos, morreu aos 26 e nesse meio tempo fez mais de 300 músicas que ficaram para a história da música brasileira.
Um cara que fazia críticas sociais em suas músicas décadas antes da ditadura militar, um cara que, devido seus fracassos amorosos compôs letras divertidíssimas, um cara que fazia de um simples fato uma assombrosa letra poetizada, como em Com que roupa.
Boto-o entre os maiores poetas de nossa música sem pensar duas vezes e sempre recomendo a todos que comento sobre o assunto, independente do estilo que gosta: ouça Noel Rosa. Aliás, leia Noel Rosa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário