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"Tomada do Congresso" no "histórico" dia 17 de Junho. |
Nada se compara ao que foi o mês de junho de
2013. Há exatamente um mês eu publicava o post mais acessado e compartilhado
desses dois anos de Enciclopédia Dylanesca (ver abaixo), diretamente do olho do
furacão, sem a menor perspectiva do que ocorreria dali em diante. Junho foi um
mês muito estranho mesmo. De uma sexta feira (7) a outra (14) os “500 vândalos
da Paulista” passaram a ser os heróis martirizados. Da outra (14) para a
seguinte (21) o movimento tomou as maiores proporções jamais imaginadas,
conquistou o objetivo inicial, pôs em cheque o governo e obrigou a presidente
fazer o pronunciamento na TV mais aguardado da história recente. Da sexta-feira
seguinte (21) para a última do mês (28) tornou-se um Frankenstein democrático
com reivindicações das mais estranhas e ideologias das mais perversas saindo
das gavetas para as ruas. A revolução brasileira promovida por hashtags vista
por mim hoje, do mês seguinte se mostra um tanto quanto incompreensível pela
sua complexidade. Parafraseando um filme de ação nacional, por não encontrar outra
citação cult que melhor expressa a situação, “às
vezes a gente tem que se distanciar do papel pra conseguir enxergar o desenho
todo com mais clareza".
A estranheza das ocorrências de junho em todo
Brasil me deixaram confuso. Junto à velocidade do mundo digital, de hora em
hora o panorama mudava, sendo impossível manter uma única opinião sobre a
catarse de acontecimentos que chegava. Da segunda feira, dia 17 até a
sexta-feira, dia do pronunciamento experimentei todos os tipos de sentimentos
políticos imagináveis, indo desde o tolo orgulho nacionalista até o tolo medo
de um novo golpe militar. Seria impossível escrever este post nessa época.
Escrevendo hoje, um mês depois ainda não tenho
quase nada a dizer. De um lado tivemos boas conquistas. A causa que me levou ás
ruas – os tais dos 20 centavos – foi conquistada, ainda no dia 19. À época
diverti-me pensando “a democracia é uma peça em 6 atos”.
A partir de então, pelo menos em São Paulo,
onde vivo e sei o que aconteceu, a luta foi cada vez mais “WTF”. Lembrando que
no começo, logo nos primeiros atos do Passe Livre, a Tropa de Choque agia com
toda força para impedir os manifestantes de bloquearem o trânsito nas avenidas
de São Paulo. Depois do dia 13 de Junho, a polícia sumiu das manifestações e
qualquer passeata de 30 ou 40 pessoas sem causa parava uma rodovia. Estranhamento
maior que isso era assistir a ideia de “protesto pelo protesto”. Manifestar foi
o rolê mais bombado de 2013. O elemento que mais sintetiza esse panorama é o
Kit Protesto, produto (REAL!) que ainda está a venda no Mercado Livre. Manifestar
virou atração famigerada. A classe média saiu às ruas, com suas bandeiras e
máscaras de um filme que não faço questão de assistir.
Depois do dia 19, quando, pelo menos em São
Paulo o movimento perdeu todo o sentido, divido em: a) O que foi legal: em meio
à Copa das Confederações, o povo pouco se lixando pro futebol e indo às portas
dos estádios gritar contra a competição – tudo um pouco apaziguado depois dos 3
a 0 na final contra a Espanha. b) O que não foi legal: ver o panteão de
ignorância nos discursos de quem estava na rua não se sabe para que. Eu que no
começo era adepto da hashtag #vemprarua me dei conta do caos que é uma multidão
despolitizada querendo mudar a política e aderi ao movimento #saidarua.
Ao mesmo tempo é cômico ver a despolitização
causando incômodo político. Creio que 90% de quem foi ás ruas para derrubar a PEC
37 não leu o projeto e mal sabia do que se tratava, ou ainda do que se trata
uma PEC. Curioso, mas perigoso.
Ainda é cedo para fazer um balanço do que foi
esse mês de junho. Naqueles dias não havia liderança, havia apenas sentimentos
comuns. Se agora em julho os sindicatos tentaram, mostrar que eles ainda são a
força motor do movimento popular no Brasil, estes quebraram a cara. O dia 11 de
julho foi pífio e nem de longe se compara com o chamado que ninguém fez, apenas
surgiu, em 17 de junho. O Brasil chamou a atenção do mundo e mais ainda de si
mesmo há um mês. Continuamos sem saber o que virá pela frente. Seja reforma
política ou reforma geral no conceito de ser brasileiro, espero que junho de
2013 não tenha sido em vão e seja sim um divisor de águas. Felizmente, a partir
de agora não mais o jornalismo escreverá sobre o que ocorrendo, e sim a
história escreverá o que ocorreu.
Este
blogueiro está cansado de pensar, discutir e escrever sobre a chamada Primavera
Brasileira. Para o bem de vocês, encerra-se aqui a trilogia de post-protestos.
Daqui pra frente o blog estará bem mais ameno politicamente, mas não entediante
quanto os próximos eventos do Facebook, como a “Operação Sete de Setembro”
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