
Há alguns dias vi no Jornal da Cultura, um dos comentários mais duros e verdadeiros de que me recorde. “São Paulo está sem prefeito. O que está governando é apenas um homem pensando em seu futuro político. Essa simples frase explica um turbilhão de coisas inexplicáveis que se resume em uma só pergunta: por que Gilberto Kassab não faz nada?
Por que a cada dia estamos com mais congestionamentos e o prefeito não toma nenhuma providência perante a situação? Por que a cena de enchentes se repete a cada ano sem que ninguém faça nada para diminuir os danos? Por que, enquanto o Rio de Janeiro está trabalhando a todo vapor pra receber a copa e as olimpíadas, São Paulo é incerta se vai receber jogos da copa ou não? Todas essas perguntas se respondem com o comentário citado acima.
Afinal, um prefeito com futuro promissor não pode botar um pedágio urbano nem remodelar o sistema de transporte público de uma hora pra outra para não se prejudicar nas próximas eleições. Também não pode fazer obras de desassoreamento nem retirar famílias de suas casas – mesmo condenadas a ir pro buraco – para não criar uma visão negativa de quem não tem pra onde ir. E também não pode brigar com autoridades maiores para transformar São Paulo em uma cidade sede porque pode sujar seu nome contra demais aliados.
Eu realmente gostava de Kassab no seu primeiro mandato. Ele assumiu o mandato depois do canalha sem denominação saiu da prefeitura para concorrer ao governo e mostrou ter pulso firme na administração. Retirou malocas do meu bairro e fez praças e quadras no lugar, implantou a melhor lei que já entrou vigor nessa cidade nos últimos 10 anos, a Lei Cidade Limpa, mostrou ter braço de ferro e brigou com vereadores, eleitores empresas, manteve a passagem de ônibus em um mesmo preço durante três anos.
Mas ultimamente, o nosso prefeito vem fraquejado propositalmente visando seu futuro político. Deu boi pras cooperativas e em dois anos a tarifas subiram setenta centavos. Quem reclamava, mandava a polícia em cima, numa atitude digna de Kadafi. Não fez nada no Jardim Pantanal, nem nas vias que de ano em ano vem naufragando durante as chuvas de verão. Andou dando pontos facultativos nas vésperas de feriado pros funcionários públicos apenas em ano de eleição, e nos outros, botou a negrada pra trabalhar.
E os ônibus que estão por aí? Ônibus que por sinal, de tão velhos que estão, não conseguem terminar o trajeto. Quebram constantemente, e os que conseguem sobreviver demoram horas a mais do que se fossem novos. Soube em primeira mão que nosso prefeito afirma que a frota tem de ser trocada após o mandato dele, por volta de 2013. Claro, afinal, faltando um ano pra Copa, tem que estar tudo novo e impecável para os gringos adorarem e deixa que a próxima versão se vire.
Sobre os congestionamentos, Kassab afirmou que vai elaborar um plano para diminuir congestionamentos. Qualquer cidadão com um QI acima de 0,9 saberia: ele vai investir em transporte público. Mas não, ele vai anéis viários. Obviamente, o cidadão de QI 1 vai imaginar o quanto isso vai causar: toneladas de asfalto para impermeabilizar o asfalto, toneladas de CO2 na atmosfera para deixar o nosso ar um pouquinho mais sufocante, mais automóveis, consequentemente mais congestionamento. E o transporte público? Deixa pro governo do estado construir o mirabolante sistema de transporte leve sobre trilhos. O teorema de Kassab lembra bem o de Maluf em alguns momentos.
Mas de tudo, o que mais me irrita é ver na TV diariamente as inúmeras propagandas mostrando gente paga para falar que a saúde, o transporte e a educação de São Paulo são as melhores do país e porque não a do mundo. Ora, eu paulistano que convivo com a realidade sei bem que não é nada disso.
Isso também quem gosta de fazer é nosso governador, mas vou deixar para homenagear o governo do estado em outra ocasião poir também é um caso a parte – tão ruim quanto esse, mas a parte.
Depois dessa análise nem tanto minuciosa, lhe pergunto apenas se esse homem que você botou na prefeitura merece mais uma vez o seu voto? Olha que se ele está impassível assim na prefeitura, imagine ele no governo do estado ou no senado.
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