No começo do ano fiz uma promessa quando saí do Belas Artes na última sessão que fui lá. A de não ir a cinema de shopping no ano de 2011 e por que não, nunca mais. Ao sair de um cinema de rua, como o Belas Artes, o Espaço Unibanco, o Olido, você sai revigorado, tendo a visão de um saguão que dá para a rua, simples e maravilhoso. Mas ao sair de um cinema de shopping e se dar com aquele espaço fedido que se mistura ao insuportável cheiro de pipoca com o cheiro do carpete vermelho, dá desânimo.
Mas as diferenças vão muito além da saída. Logo na entrada, no mesmo salão você nota o horrível carpete contracenando com a horrível pipoca do shopping center e o piso lustrado com o aromático café do cinema de rua. Para chegar num cinema tendo que passar por uma praça de alimentação também já quebra 70% do tesão de ver um filme. As pessoas que fazem quilométricas filas em shopping centers para fazer barulho rangendo a poltrona ou mastigando pipoca não são as mesmas que freqüentam os cinemas de rua cada um mais alternativo. Exemplo de freqüentador de cinema é o ator Paschoal da Conceição, nosso querido “Doutor Abobrinha” que encontrei no Espaço Unibanco e que nunca encontraria em algum Cinemark de shopping.
Mas com tantos detalhes estamos esquecendo do principal de um cinema: um filme. Logo hoje, quase quebrei minha promessa, e incentivado por minha companheira na ocasião nos movemos ao shopping Itaquera para ver algum filme, mas chegando lá não foi quebrada a promessa. Por quê? Por falta de filme bom.
Pra alguém que se acostuma a ver os melhores filmes estrangeiros e nacionais, ou obras primas hollywoodianas na tela grande, ver filmes de títulos como “Esposa de mentirinha”, “Vovó Zona 3”, “Invasão do mundo: Batalha de Los Angeles” deprimem muito na hora de comprar o ingresso. Por isso resolvi nem gastar dinheiro com umas coisas dessas. Economizo semana que vem para ir num cinema de verdade que passe filmes de verdade.
A cada cinema de rua que fecha entro em depressão total. Quando vi então na TV que o Belas Artes ia fechar comecei a chorar desesperadamente. É um crime o que os ricaços fazem, destruindo cinema para construir loja, igreja ou sala de exibição pornô. Inadmissível. O Belas Artes pode não ser meu cinema predileto, mas é o melhor de São Paulo. Tem a melhor localização o possível, a melhor seleção de filmes e dá para você sentir a vibração do metrô enquanto assiste ao filme.
Cheguei em casa depois da frustração do cinema, mais uma vez me frustro: Elizabeth Taylor morreu. Triste ver uma atriz de ótimos filmes como Cleópatra e Gata em Teto de Zinco Quente nos deixar com essa safra de filmes ruins que vi em cartaz no shopping. Espero que Taylor olhe por nós, ajude a melhorar as estréias e proteja minhas tão amadas salas de rua.
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