Qual o limite da informalidade na informação? O telejornalismo brasileiro está cada dia ficando mais estranho. Os durinhos das bancadas estão se soltando por algum motivo. A televisão percebeu o quanto perde para a internet e os novos meios de comunicação – bem mais confiáveis que a própria televisão – e decidiu partir para a esculhambação. Hoje, um telejornal ou um programa de notícias pode ser bem mais engraçado de se ver do que um programa de humor.
O Padrão Globo de manipulação qualidade está um pouco diferente hoje em dia. A tática do denuncismo contra o governo petista continua e prevalecerá por toda eternidade Boni/Marinho/Kamel. Mas a maneira de mostrar tanta denúncia está mais descontraída. Os jornalistas estão agindo de uma maneira tão política conversando com o telespectador, dizendo que é um prazer estar diariamente em sua casa, mostrando seus troféus recebidos com “esforço, trabalho unido e bla bla blá”, falando até de ter suas próprias experiências pessoais e profissionais.
A informalidade tem sim seu bom aspecto. Maria Cristina Poli apresenta o melhor jornal da TV aberta, o Jornal da Cultura. Ela não pede perdão quando tosse. Ela troca os papéis ou gagueja mas não cai no pudor de estar front o Brasil nem às piegas de pedir desculpas. Mas não é por causa disso que o jornal é o mais respeitável dos canais abertos. É por apresentar a notícia com imparcialidade. Tamanha imparcialidade que a cada dia tem dois comentaristas com pontos de vistas extremamente diferentes debatendo a mesma notícia. Diferente do Jornal Nacional que mostra a notícia privilegiando um lado e nem sequer dando direito a réplica ou tréplica. É perceptível a expressão do Bonner de invejar o apresentador do Jornal do SBT Carlos Nascimento que pode mostrar sua opinião pessoal no ar.
A descontração adotada pela Globo está errada. Parte para um senso ridículo. Há alguns meses ri demais assistindo a despedida de Chico Pinheiro e Mariana Godoy da bancada do SPTV. Metade do telejornal dedicado a mostrar a carreira de cada um. Jornais do SBT ou da Gazeta trocam de âncoras (o que acho favorável na maioria dos casos) quase semanalmente. Mas a Globo quis mostrar o quanto seu jornalismo é “amigo” das pessoas.
Pensei que fosse só no noticiário regional, mas logo estava no matinal nacional Bom Dia Brasil despedindo-se de Renato Machado e hoje chegou ao carro chefe Jornal Nacional com a despedida da Fátima Bernardes e boas vindas à Patrícia Poeta. Mais de quinze minutos de rasgação de seda para todo o Brasil tentar chorar. Foi um belo espetáculo que me fez assistir o Jornal, coisa que não fazia há muito tempo e rir. Amanhã volto à programação normal já que a palhaçada terminou.
O telejornalismo brasileiro já não chega estar aleijado há muito tempo, está cada vez mais caduco. É nessas que se prioriza investir mais nas novas mídias e buscar novas fontes com conteúdo confiável. Afinal, ver notícia na TV está cada vez mais deselegante.
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