Há dois anos tenho TV por assinatura em minha casa. Sim, é boa. Mas tem muita coisa que poderia ser cortada. Dos 128 canais, menos de 28 são os que eu assisto. Mas só por esses canais valem a pena assinar o pacote.
Talvez, a maior frustração de ter uma TV a cabo, acima de ter canais de leilão de jóias e bois, e canais da vida de famílias americanas, é o fato de que a programação de filmes não é lá aquela coisa, alimentada pelo excesso de propagandas contidas nela. Confesso que dos 20 canais que mais assisto na TV, apenas dois tem programação específica de cinema. E infelizmente, com o andar da carruagem, vai ser apenas um canal que vou ser fiel em assistir filmes.
Um deles é o Canal Brasil, que mescla filmes de lançamento recente até as mais trashs pornochanchadas das décadas de 1970 e 1980. Um canal que dá incentivo a curtas metragens, entrevistas com ícones do cinema nacional e também bom espaço a musica brasileira. O melhor de tudo é ver filmes de 15 minutos até 2 horas e meia de duração sem intervalo comercial. Vale demais e com gosto.
O outro canal predileto é (era) o TCM Classic Entertainment. Este canal, especializado em filmes clássicos me fez muito feliz nesses dois anos de TV por assinatura. Ora, foi nele que descobri Hitchcock, Scorsese, Ford, Allen, Marlon Brando, Peter Sellers, Al Pacino entre tantos outros gênios de trás e da frente das câmeras.
Mas há algum tempo o TCM vem me decepcionando. Primeiro começaram as propagandas. Lá no começo, quando o descobri, era no estilo do Canal Brasil, filmes diretos sem interrupções cretinas dignas de FOX, Warner e TNT. Demorou alguns meses pra eles ajustarem direito esse esquema. No começo as propagandas me fizeram parar de assistir a programação, sendo em excesso e com muito tempo de duração. Propaganda estraga o tesão de qualquer filme... Mas depois eles conseguiram manter um número e duração de propagandas até aguentável, a típica parada para buscar mais café.
Mas eles estragaram mais. Em um determinado momento eles começaram exibir Os Bórgias, série da BBC desse ano. Tudo bem que é uma bela produção, mas não é típica para um canal que está acostumado em passar séries como Bonanza e Casal 20. E o pior de tudo, transmitiram a série no horário nobre! Não parou por aí. Agora eles estão passando X Files e Traffic, igualmente recentes que descaracterizam demais o canal.
Meu medo se consumou. Filmes da década de 90 e 2000 começaram a ser transmitidos também pelo TCM. Dia desses tive um desgosto profundo de ver que Ray, de 2004 e Mission: Impossible, de 1996 estavam na programação. Mas nada, nada foi tão terrificante como ligar às 22 horas dia desses para ver Beetlejuice e perceber que estava dublado. Como chegou a esse ponto de apresentar um filme dublado?
Espero que seja a minoria apresentada assim. Que só foi uma coincidência eu ter ligado no canal no dia que estava transmitindo um filme dublado. Desde aquele dia não parei para ver nenhum filme, tamanha desilusão. Não sei o que esperar do futuro do TCM, com tanta série, dublagem e propaganda na programação. Menos ainda com a nova lei que obriga os canais pagos apresentarem 3 horas e meia semanais de programação brasileira. Espero ver muito Glauber Rocha na tela. Enquanto isso assisto ao Canal Brasil, esperando passar um filme do Buñuel naquele que era meu canal favorito.
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