26 de janeiro de 2012

Cem anos de regressão


Em 1912 nascia no interior de Pernambuco Luis Gonzaga. Gonzagão compôs a música brasileira mais conhecida no território nacional. Asa Branca, escrita por ele e por Humberto Teixeira (1915) em 1941 é muito mais do que ouvimos. Um rápido estudo sobre a letra dá para se garimpar preciosidades do linguajar regional e perceber uma crônica sertaneja tão presente tanto em 1912, como em 1941 ou 2012. Uma análise mais profunda desta obra pode-se dar origem facilmente a um livro de primeira linha.

Um ano depois, em 1913 nascia Vinicius de Morais, um dos maiores poetas da literatura brasileira que, em 1963 escreveu com Tom Jobim (1927) a segunda música mais regravada de todos os tempos, Garota de Ipanema. Obra prima da bossa nova foi regravada em diversos idiomas por artistas dos maiores renomes da música mundial.

As duas canções são facilmente lembradas como as canções mais populares da música brasileira. Asa Branca tem mais de 600 regravações e é um retrato do Brasil para a maioria dos brasileiros. Garota de Ipanema, ou The Girl Of Ipanema é a música mais regravada do mundo, após Yesterday dos Beatles. Continua sendo um cartão postal do Brasil, sendo o retrato que os estrangeiros têm de nossa terra.

Hoje, em 2012, o maior hit que o Brasil tem a mostrar é Ai Se Eu te Pego, de Michel Teló. Ao contrário de Asa Branca ou Garota de Ipanema, é uma música totalmente xula e vazia que não tem nenhuma característica digna de aplauso ou que dê orgulho de mostrar ao mundo. Sua internacionalização no final de 2011 e tão forte nesse início de ano mostra o quão pobre está a produção de música pop aqui ou lá fora. É uma tristeza ver uma música como essa fazer tanto sucesso no Brasil e no exterior enquanto a boa música (que sim, estão sendo produzidas coisas excelentes) não atinge o cenário popular, fica isolada aos fãs e não chama nem um pouco a atenção da mídia.

A qualidade de nossa música pop vêm diminuindo em nível alarmante nos últimos vinte anos. O que se faz sucesso, toca nas rádios e se vê na televisão é distante daquilo que conseguimos fazer de bom. Estamos comemorando os centenários de carass que moldaram a música brasileira no século XX como Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Assis Valente, o meio século da jovem guarda, os 40 anos da Tropicália e vendo que atualmente, verdadeiros inimigos da música como Michel Teló, Cláudia Leitte, Luan Santana, Fernando e Sorocaba estão tendo mais respeito do que quem realmente merece, como o caso de Tulipa Ruiz ou Felipe Catto, maiores representantes da boa música popular brasileira nesta década de 2010.

É tempo de olhar pra trás e ver o que a música brasileira consegue fazer e pensar no futuro. Lembramos que há 100 anos nascia Luis Gonzaga e Vinicius de Morais. O que queremos de nossa música atual lembrar daqui 100 anos?

11 de janeiro de 2012

Como vão as obras na sua cidade?

A bem verdade é que os anos pares são meus prediletos. É excitante as disputas que acontecem nos anos de final 0, 2, 4, 6 ou 8. Duas semanas de Jogos olímpicos, 4 semanas de Copa do Mundo e alguns meses de corrida eleitoral. Preparemo-nos para o show de horrores que vem por aí neste ano que pelo menos em São Paulo, o cenário eleitoral vai ser renovado, o que, infelizmente, não signifique que seja melhorado...

Mas o começo dos anos pares é engraçado demais. Saia na rua e ande pelo bairro. Tem alguma coisa de diferente? Pergunto isso porque estava de férias esta primeira semana de janeiro no município de Socorro, interior de São Paulo, como faço todo ano. A grande diferença que percebi esse ano foi ver que a ponte que todos os moradores tinham medo de passar porque estava caindo está inteiramente reformada; a iluminação na Avenida Quinze de Agosto trocada; a calçada na Rua 13 de Maio refeita, tendo ótimos estacionamentos; flores pelos canteiros das avenidas; praças surgindo; parquinhos sendo construídos. Uma reforma do ponto de vista estético geral. O que não se via desde o último ano de eleições municipais que foi 2008.

É sínico o jeito que os políticos tratam de fazer obras para os eleitores, e não para a população. Ano eleitoral é o ano que eles agem rapidamente para o povo ficar feliz e esquecer os outros 3 anos pífios de seu mandato. Foi assim em 2004 quando a então prefeita de São Paulo Marta Suplicy começou as obras do hospital no meu bairro e prometeu concluí-lo no segundo mandato. Foi assim em 2008 quando o atual prefeito de São Paulo disse que há dois anos não tinha aumentado o preço da passagem de ônibus e que em 2009 continuaria sem aumentar. Em 2010 tiveram dois aumentos para compensar.

Em São Paulo, o governador Alckmin teve a brilhante ideia de botar a Polícia na região conhecida como Cracolândia. Semelhante a ocupação nas favelas do Rio de Janeiro, que reelegeu lá o governador Sérgio Cabral é uma jogada de marketing político extraordinária. Todos estão vendo a ação com bons olhos e tapando pra verdade de que os usuários de crack estão se espalhando para outros bairros. Está tão confusa essa atitude que quero ver como os candidatos a prefeitura vão lidar com esse assunto.

Questão eleitoral é acima de questão partidária. Nesse critério, raramente existe diferença entre partidos. Seja direita, esquerda, centro, ou indefinido, todos partem para a mesma tática para ver quem ganha no final. Nada mais bacana de saber que após um debate numa emissora de TV, todos saem para uma churrascada onde a rivalidade na frente das câmeras não existe. Os poucos que inovam a forma de fazer política merecem nossa atenção. Vamos ficar atentos a forma de cada um mostrar o que faz, não só às obras que só aparecem em um dos quatro anos de mandato daquele que você também elegeu.