Em 1912 nascia no interior de Pernambuco Luis Gonzaga. Gonzagão compôs a música brasileira mais conhecida no território nacional. Asa Branca, escrita por ele e por Humberto Teixeira (1915) em 1941 é muito mais do que ouvimos. Um rápido estudo sobre a letra dá para se garimpar preciosidades do linguajar regional e perceber uma crônica sertaneja tão presente tanto em 1912, como em 1941 ou 2012. Uma análise mais profunda desta obra pode-se dar origem facilmente a um livro de primeira linha.
Um ano depois, em 1913 nascia Vinicius de Morais, um dos maiores poetas da literatura brasileira que, em 1963 escreveu com Tom Jobim (1927) a segunda música mais regravada de todos os tempos, Garota de Ipanema. Obra prima da bossa nova foi regravada em diversos idiomas por artistas dos maiores renomes da música mundial.
As duas canções são facilmente lembradas como as canções mais populares da música brasileira. Asa Branca tem mais de 600 regravações e é um retrato do Brasil para a maioria dos brasileiros. Garota de Ipanema, ou The Girl Of Ipanema é a música mais regravada do mundo, após Yesterday dos Beatles. Continua sendo um cartão postal do Brasil, sendo o retrato que os estrangeiros têm de nossa terra.
Hoje, em 2012, o maior hit que o Brasil tem a mostrar é Ai Se Eu te Pego, de Michel Teló. Ao contrário de Asa Branca ou Garota de Ipanema, é uma música totalmente xula e vazia que não tem nenhuma característica digna de aplauso ou que dê orgulho de mostrar ao mundo. Sua internacionalização no final de 2011 e tão forte nesse início de ano mostra o quão pobre está a produção de música pop aqui ou lá fora. É uma tristeza ver uma música como essa fazer tanto sucesso no Brasil e no exterior enquanto a boa música (que sim, estão sendo produzidas coisas excelentes) não atinge o cenário popular, fica isolada aos fãs e não chama nem um pouco a atenção da mídia.
A qualidade de nossa música pop vêm diminuindo em nível alarmante nos últimos vinte anos. O que se faz sucesso, toca nas rádios e se vê na televisão é distante daquilo que conseguimos fazer de bom. Estamos comemorando os centenários de carass que moldaram a música brasileira no século XX como Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Assis Valente, o meio século da jovem guarda, os 40 anos da Tropicália e vendo que atualmente, verdadeiros inimigos da música como Michel Teló, Cláudia Leitte, Luan Santana, Fernando e Sorocaba estão tendo mais respeito do que quem realmente merece, como o caso de Tulipa Ruiz ou Felipe Catto, maiores representantes da boa música popular brasileira nesta década de 2010.
É tempo de olhar pra trás e ver o que a música brasileira consegue fazer e pensar no futuro. Lembramos que há 100 anos nascia Luis Gonzaga e Vinicius de Morais. O que queremos de nossa música atual lembrar daqui 100 anos?
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