Das muitas punhaladas doloridas que recebi nos últimos anos do governo tucano de São Paulo, esta provavelmente tenha sido a mais dolorosa e sangrenta.
A TV Cultura de São Paulo não é apenas a melhor rede de televisão aberta deste país, mas também, acho que a única que presta. Nas últimas semanas, no entanto, a programação está tão estapafúrdia que me assustei demais. Metropolis, programa que assisto sagradamente por volta das 20hs:10, não foi transmitido. No lugar uma série estrangeira completamente idiota chamada “Dr. Quem”, muito diferente da grade habitual da Cultura. O Metropolis tinha sido transferido de horário para a meia noite e meia. Escandalizado perguntei “como assim?”
Além do Metropolis, este programa estrangeiro nenhum pouco bem vindo também comeu da grade alguns dos programas mais importantes da TV Cultura, como o Vitrine, o Cultura Retrô e o Entre Linhas. Mas quando eu vi na programação de domingo um programa chamado TV Folha, eu quase chorei. Não podia ser verdade aquilo. Será que a Cultura estava se vendendo à Folha de São Paulo? Será que ocorreria uma privatização em curto prazo da rede de televisão mais “quase pública” do Brasil?
Fui pesquisar e entrei em choque. Em outubro passado, pelo completo abandono do estado paulista, a TV Cultura teve de assinar acordo com órgãos podres de imprensa como a Folha de São Paulo e a Veja. Esta última terá também espaço na rede. Essa iniciativa, atrelada a mudança da grade, altíssimo número de comerciais (que desde 2005 vem crescendo e chateando a programação) e demissão em massa de funcionários nos mostra o que a direita paulista (PSDB) está fazendo aos poucos com o canal mais educativo do país.
É angustiante pensar que uma televisão que durante suas 4 décadas de existência renegou abrigar a cultura de massa possa estar a beira de se entregar por penosas ações de marionete do governo estadual. Fico imaginando o quão triste seria ver sertanejo universitário no Viola, Minha Viola, ou um Ensaio sendo substituído por um programa de auditório. Roda Viva, programa de entrevistas, no ano passado entrevistou personas non gratas para um paradigma de “TV Cultura”, como foi o caso do Datena. E em 2010 o renomado jornalista Heródoto Barbeiro foi demitido por fazer perguntas que não agradaram o então candidato a presidência (adivinha de que partido) José Serra.
Sendo a maior TV educativa do país, a Cultura (SP) está ligada a emissoras como a TV Brasil (RJ) e a TVE (BA). As ações predatórias do maníaco governo de São Paulo podem causar conseqüências lastimáveis na TV educativa do país. Desta vez, podemos assistir essas ações se passarem escancaradamente na tela da TV assistindo Dr. Quem. A Privataria Tucana ataca ferozmente como nunca imaginei. E não poderemos fazer nada? E não podemos fazer nada? Pesquisem sobre o assunto, procurem se informar, está na nossa cara.. Não podemos deixar isso acontecer...
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