Saiu semana passada no The New York Times, uma lista definitiva contendo os 10 maiores compositores da história da música. Como a Veja no Brasil, o New York Times não tem lá influência para brincar de fazer listas culturais. Eu discordo de alguns nomes citados na lista e vou comentar o porquê neste post que tende a ser imenso. Por isso já digo que, se não gosta de música clássica nem tem curiosidade sobre que penso dela, vá para o próximo post, sobre Ronnie Von que deve estar mais interessante para você.
Segue-se a lista do NYT:
1. Johann Sebastian Bach (1685-1750),
2. Ludwig van Beethoven (1770-1827),
3. Wolfgang Amadeus Mozart (1756 — 91).
4. Franz Peter Schubert (1797-1828).
5. Claude Achille Debussy (1862 — 1918),
6. Igor Stravinsky (1882 — 1971),
7. Johannes Brahms (1833 — 97).
8. Giuseppe Verdi (1813 — 1901),
9. Richard Wagner (1813 — 83),
10. Bela Bartok (1881 — 1945).
Analisemos então.
Bach. Em uma lista pessoal de “greats erudite hits” eu não botaria muita coisa além da Tocatta e Fuga e da Suíte para Cello. Mas confesso que não conheço a obra de Bach bem para avaliá-lo a meu gosto. E por isso não quero ser injusto com o cara que escreveu mais obras em sua vida do que qualquer outro compositor, que revolucionou a música ocidental, vou deixá-lo em primeiro, afinal, se não fosse por ele não existiriam os demais da lista.
Beethoven em segundo? Sim, por que não? Talvez porque exista Mozart. Ludovico e Wolf são pra mim como Beatles e Rolling Stones, nunca me decido quem é o melhor, vai de momento. Atualmente to gostando mais de Beethoven, mas não posso ainda dizer que é melhor que Amadeus. Ludwig tem talvez a biografia mais triste da música. Seu pai alcoólatra, invejoso com o sucesso do jovem Wolfgang, começou a obrigar seu filho a estudar em meio a pauladas e tapas no ouvido, com a ambição dele se tornar o maior do mundo. Criou um gênio. Me lembra até – que heresia citar isso de exemplo – Joe Jackson e seu filho Michael. Esqueçam essa citação, é muita humilhação pra Ludovico... Mozart não precisou levar tapas na orelha até ficar surdo para se tornar genial. Começou cedo e, infelizmente terminou cedo. Com 35 anos já tinha composto quase tanto como Bach.
Não que eu seja insensível, nem que me esqueça da Nona Sinfonia, música que ouço desde a lotação até assistindo um filme de Kubrick, mas nesse caso eu voto em Mozart para segundo colocado e Beethoven em terceiro.
Tudo bem, Schubert estar na lista, ainda que eu não conheço sua obra e não boto na minha lista, mas em quarto lugar? E olhando para o resto da lista, me pergunto onde está o Frederico? Se esqueceram do maior compositor de obras para piano de todos os tempos, ou o boicotaram mesmo?Ele não poderia estar na lista, deveria. Preciosismo, virtuosismo, entre outras tantos adjetivos se encaixam à obra de Fredéric Chopin (1810-1849). Dos seus concertos para piano até o Noturno, ou a Balada, Chopin comove quem o ouve, é um dos “the bests” que carrego em meu MP4 sempre e sempre que ouço, encanta. Chopin não poderia estar nesta lista abaixo da quarta posição, por isso faço a justiça agora aqui.
Debussy? Não entendi.Compositores vivos no século XX já basta Stravinsky que comento daqui a pouco. Mas a seleção de Debussy confesso que não entendi. Posso muito bem colocar em seu lugar Piotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893). Tchaik, mestre do balé, homem que escreveu o maravilhoso Concerto para Violino em menos de um mês e suas últimas três sinfonias espetaculares não pode ser posto de fora desta listagem. Tchaikovsky viveu 53 anos compondo rapidamente suas obras e tenho certeza que não exista alguém que nunca tenha ouvido pelo menos um trecho do Lago dos Cisnes nem do Quebra nozes. Sem mais, Tchaikovsky em quinto.
Stravinsky me surpreende e me alegra estar na listagem. É o mais recente da lista. Representante do século XX, conhecido como maldito, por suas sinistras composições, que você deve conhecer através de algum filme de terror. Chega dar agonia você ouvir a Dança dos Adolescentes, trecho da obra máxima de Stravinsky, A Sagração da Primavera sabendo o contexto que a ora musical quer dizer. Igor é um mago na música e deixo-o na lista, mas em posição invertida com o nono lugar,senhor Wagner, o mais político do mundo musical. A Cavalgada das Valquírias, sua obra máxima quase sempre é tema de filme de guerra, imortalizada por Apocalypse Now, do Coppola. Richard, reza a lenda, era extremamente racista. Suas obras, tanto musicais quanto literárias iriam influenciar seriamente um jovem artista com futuro promissor na política do século XX, Adolf Hitler. Hitler, assim como o alto escalão nazista apreciava Wagner como um deus. Não é a toa que muitas carnificinas de judeus foram ao som tenebroso das obras de Wagner. É por sua vasta obra que incluí a mais longa ópera já escrita, com mais de 5 horas de duração, que boto Wagner em sexto colocado e abaixo Stravinsky a nono.
Brahms em sétimo não me agrada.Tira ele daí, bote Antonio Vivaldi (1678 – 1741). Essa sétima posição me deixou pensando muito. Pensei em botar, no lugar de Brams, Gustav Mahler, mas não. Vou deixar fora da lista os mestres da dinâmica e puxar sardinha pro meu lado. Afinal, alguém que compõe as obras mais famosas para violino que são As Quatro Estações e os demais concertos, te que figurar numa lista pessoal de violinista Afinal, nem é tão mal feita minha lista assim, pois Vivaldi tem de estar com certeza, fazendo companhia a Bach no período barroco.
Verdi? Poderia avacalhar nesta oitava posição, botar Villa Lobos como forma de patriotismo, Ravel, como forma de amadorismo por Bolero ser minha obra erudita predileta, mas não. Já fiz desvio de idéias botando com Vivaldi a meu favor, não vou mexer em Verdi, afinal é o maior representante da ópera italiana. Pensei em botar Puccini, mas não, deixa Verdi aí. Afinal, ele transpassou quase a obra de Shakespeare completa para os palcos em forma de ópera, atuou em grande importância no mundo da ópera no final do século XIX, sendo citado em inúmeras obras, inclusive em algumas de Machado de Assis. Quer saber, deixa Verdi aí.
Em nono está Stravinsky, certo. Vamos a décimo lugar. A primeira pergunta que fiz ao ver o nome de Bela Bartok na lista foi: “quem é Bela Bartok?” Como deixá-lo na inha lista se nem o conheço? Afinal, como botaram mais um componente do século XX na lista? Saia já daí. Agora eu poderia apelar, mas não vou não. Vou popularizar. Em décimo lugar na minha listagem, vai Georges Bizet (1938 – 1907). O compositor da ópera mais tocada no mundo, inclusive pela minha orquestra. Carmen é única. Os Toreadores, Habanera, Marcha dos Contrabandistas, entre outros trechos da ópera completa, extrapolam o limite do erudito chegando ao popular. Bizet é conhecido pelas massas, mesmo não sendo reconhecido. Mas Bizet não viveu apenas de Carmen, compôs muito mais em sua vida, por isso não pode deixar de estar aqui, mesmo que seja na última colocação. Afinal, ele está na frente de um décimo primeiro ou décimo segundo colocado.
Dito isto, minha lista assim fica:
1. Johann Sebastian Bach
2. Wolfgang Amadeus Mozart
3. Ludwig van Beethoven
4. Fredéric Chopin
5. Piotr Il’yich Tchaikovsky
6. Richerd Wagner
7. Antonio Vivaldi
8. Giuseppe Verdi
9. Igor Stravinsky
10. Georges Bizet
Em minha singela opinião, está mais convincente que a do NYT, mas se você não for a favor, fazer o que? Não tenho mesmo tal influencia do The New York Times...
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