7 de abril de 2011

Massacre do Realengo: a cereja do bolo jornalístico



Neste 7 de abril é comemorado o  dia do jornalista. Mas o dia do jornalista de 2011 teve algo de especial para os próprios jornalistas: um atirador entra numa escola estadual do Rio de Janeiro, abre fogo contra os alunos e mata – oficialmente até agora – 11 crianças e fere mais treze. Pela primeira vez uma atrocidade bem comum americana acontece no Brasil. Pra deixar qualquer um jornalista trabalhando no dia que era pra ser seu.



Um fato que mexe tanto com os sentimentos dos brasileiros não poderia ser posto de lado. Ora, dá audiência. Muita audiência. E ao se deparar com a tragédia dos outros, os chefes do jornalismo vêem seu saco de ouro. E exploram disso o máximo possível. E inventam aí o sensacionalismo.

Dentre os recentes fatos que o sensacionalismo alcançou nível máximo de exploração de uma tragédia pessoal, cito os mais importantes que me lembro: morte da pequena Isabella Nardoni em 2008, sequestro da jovem Eloá também em 2008 e assassinato de Eliza Samúdio em 2010. Tem também o tipo de sensacionalismo justificável que serve para procurar melhoria principalmente vinda do Estado, como foi a queda do avião 3054 da TAM e do deslizamento das obras do metrô paulista em 2007 e as tragédias causadas pela chuva que se repetem todo ano.

Mas tanto um como outro, me irritam profundamente. O jornalismo é uma das áreas que eu mais admiro. Eu pessoalmente durante muitos anos pensei em seguir carreira. O fato de correr atrás da notícia em qualquer circunstância e informar a população me excita. Mas quando o jornalismo, além de noticiar, banaliza a ocorrência, destrói qualquer boa imagem da imprensa. Imprensa, que manipula a informação muitas vezes para favorecer apenas um lado da moeda, aproveita da situação dramática das famílias que sofrem com essas desgraças para ganhar audiência.

E novamente, o sensacionalismo volta à tona no Brasil. Devido esse infeliz que não tinha coisa melhor pra fazer do que matar crianças, ligo minha TV de manhã e vejo até a tarde o fato repetitivo, entrevistas e investigações que não levam a nada. Uma rede da TV aberta para toda sua programação para exibir a cobertura completa da situação no Realengo. Como foi o primeiro dia, eu até suportei. Mas daqui pra diante, quero me ver bem longe da TV, porque a palhaçada tende a piorar.

Pra essas e outras coisas existem filmes. Bem melhor e mais fácil assistir a ficção seja ela o que for do que a triste realidade em que vivemos. E pior ainda é ver na TV essa triste banalizada aumentada na lente do sensacionalismo. Afinal, mais esse caso no Rio de Janeiro fica como a cereja do bolo do dia do jornalista.

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