2 de abril de 2013

David Bowie inspirou o sertanejo universitário?


Desde que descobri David Bowie há mais ou menos um ano, ele se tornou meu artista predileto. Tal qual Beatles, ou Radiohead, ou outra banda predileta por um período de tempo, tive vontade de escrever sobre, mas nunca escolhi um assunto específico para abordar. Afinal, já existe tanta coisa escrita sobre esses caras que este blog não contribuiria com nada para eles. Não é segredo que ele em quarentena do mundo durante 10 anos e voltou agora com o arrebatador álbum The Next Day, nem que ele influenciou as mais diversas bandas dos últimos 40 anos e é amado e idolatrado por diversas gerações.

Mas o que me aconteceu foi tão relevante que resolvi escrever. Dia desses estava ouvindo o lendário álbum Low, de 1977, integrante da antológica trilogia de Berlim. A “canção-chave” do álbum Sound and Vision, faixa 3 do disco, sempre me pareceu mais familiar do que eu podia lembrar. Sim, já havia escutado Sound and Vision antes, mas parecia que eu a conhecia de um outro lugar.

Nessa última audição de Low, pus-me em um exercício de concentração enquanto essa faixa era executada. E para minha surpresa, em algum momento comecei a cantarolar a linha de guitarra com uns versos que não tinham nada a ver com a música [(...) é tudo que eu mais quero (...) eu falo sério (...)]. Não fazia ideia de quem era essa musica que eu estava cantarolando, mas quando cheguei em casa fui pesquisar jogando os trechos que eu conhecia da letra no Google.

Até agora não descobri ao certo se a música se chama Magia e Mistério ou Eu Falo Sério nem se ela é do Cesar Menotti e Fabiano ou do João Bosco e Vinícius (que nome genial para uma dupla sertaneja! só que não) ou do Edson e Hudson ou do Guilherme e Santiago. Esse mundo do sertanejo universitário continua sendo para mim um mistério – sem magia. (Abre parênteses: não entendo como não existem gravações de estúdio das músicas, somente gravações ao vivo. E como mesmo elas não sendo lançadas antes, o público as canta nessas gravações. Alguém sabe se na gravação do primeiro CD e DVD de um desses universitários são distribuídas as letras das músicas para o público cantar?) Mas o plágio, ou a referência, seja lá como datá-lo, me surpreendeu demais. Teria David Bowie inspirado, além de Nirvana, Arctic Monkeys e tantas outras, mundo afora, o mais baixo nível do sertanejo universitário?

Aí estão as duas músicas para serem analisadas: estou louco ou elas são a mesma música?

O camaleão e o sertanejo universitário.


Essa descoberta inesperada me remoeu ao dia que ouvi o excelente álbum Sobrevivendo no Inferno dos Racionais MC’s e na versão da música de Jorge Ben, Jorge da Capadócia, um sintetizador que me lembrava muito – até demais – o do Portishead em Glory Box, que por sua vez lembra muito - até demais - o Ike's Rap II do Isaac Hayes, de 1971. Compare:

Do soul clássico de Isaac Hayes ao Trip Rock dos anos 90
Do Trip Rock inglês ao Rap do Capão Redondo


Duas músicas que gosto muito de duas bandas que gosto muito são muito parecidas. Já percebeu alguma analogia de The Kinks com The Doors? Tempos depois descobri que o Doors teve que pagar direitos autorais para o Kinks. All Day and All of the night é de 1964 e Hello I Love You é de 1968.
Dois marcos dos anos 60 nos tribunais


Don’t Look Back in Anger é a música mais bonita do Oasis e uma das melhores dos anos 90. Talvez porque tenha referências até demais? O piano no começo me remete demais a Imagine, de John Lennon. As cordas fazem o que o Cânone de Johann Pachelbel faz há mais de trezentos anos. E a guitarra? Não lembra até demais All The Young Dudes do David Bowie?
O hino da paz de John Lennon +
a clássica composição 4/4 barroca de Pachelbel +
o primeiro sucesso de David Bowie =
a linda música dos irmãos Gallagher.


Pela internet existem sites muito interessantes que mostram supostos plágios ou referências exacerbadas que chamam a atenção. É curioso e engraçado para nós o público, mas deve ser constrangedor para os envolvidos. A mesma sensação que tive ao ouvir Sound and Vision do Bowie, tive quando ouvi a bela música Ex My Love, da Gaby Amarantos. Eu tenho certeza que eu conheço aquela linha vocal de alguma banda nacional, mas não me lembro de onde, e enquanto isso, não posso fazer uma comparação. Acima de tudo é uma distração ficar procurando essas referências. Não vai faltar material para pesquisa.

Alguns sites com listas de plágios e referências que vale a pena dar uma olhada:

Playlist 6: parece mas não é

O plágio descarado do Forró usando músicas internacionais

Os 16 plágios mais vergonhosos do século XX

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